Psicanalista Mestre e Doutoranda em Psicanálise

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

ENTENDENDO O QUE É INCLUSÃO: UMA QUESTÃO NECESSÁRIA À COMPREENSÃO DO TEMA




I SIMPÓSIO VALENCIANO SOBRE AUTISMO: 
“UM OLHAR MULTIDISCIPLINAR SOBRE O AUTISMO”  




  
PROFESSORA /  PEDAGOGA  JOANA DARC B. DA SILVA 

ENTENDENDO O QUE É INCLUSÃO: UMA QUESTÃO NECESSÁRIA À COMPREENSÃO DO TEMA 

Para investigar como incluir alunos autistas em classes regulares a partir da perspectiva inclusiva, primeiramente é necessário que se entenda o que é inclusão escolar. Assim, entendemos que ela não se caracteriza pela ação de depositar todos os alunos com necessidades educacionais na classe de ensino regular, que de acordo com Suplino:   
A palavra incluir significa inserir. Estar incluído é “fazer parte de”. Se o aluno não está incluído, “não faz parte de” um determinado grupo. “Tal situação se estabelece a partir de critérios que determinam as características de quem estará apto a fazer parte do grupo seleto”. (2006, p.1). Há muito vem se discutindo, no campo da educação, a inclusão e suas faces e qual a melhor maneira de atingi-la.  Leis e documentos internacionais colocadas em vigor asseguram os direitos das pessoas com deficiência: 
Em 1988, com a Constituição da República , prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos sem preconceito.  
1994, a Declaração de Salamanca, que é um documento sem valor legal, porém importante, passa a influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva.   
1996, a Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional (LDB), assegura no art. 59 que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específica para atender as necessidades dos alunos.  
  

Apesar dos avanços dos últimos anos, ainda há muito por se fazer e a modificação da sociedade é fator primordial para as pessoas com necessidades especiais buscarem seu desenvolvimento e exercer sua cidadania. Para que a inclusão realmente aconteça, é preciso olhar a educação de outro modo, com reflexões na mentalidade e no modo de vida.  Ter um ambiente favorável à educação inclusiva significa ter uma revolução de ideias e ações que nortearão como a inclusão se dará de modo efetivo. Assim a inclusão trata de abordar dois conceitos: inclusão e integração sendo conceitos que estão interligados, por estarem direcionados a um mesmo objetivo, mas que estão ao mesmo tempo distintos por exigirem práticas específicasSassaki (1997).  De acordo com Pereira (1980), há três formas principais de integração: a integração temporal, quando há uma convivência por mais tempo de forma gradativa do deficiente com seus companheiros ditos ‘‘normais’’. A integração instrucional relaciona-se as condições favoráveis de estímulos e a oportunidades no ambiente de classe regular. A integração social se refere a convivências dos alunos deficientes com seus companheiros sem deficiências dentro do grupo podendo ser analisada em termos de interação, aceitação, proximidades físicas, sendo valores de atitudes e condutas. A partir destas reflexões podemos dizer que enquanto a integração significa a inserção da pessoa deficiente preparada para viver na sociedade, inclusão significa a modificação da sociedade como prática essencial para a pessoa com necessidade especial buscar seu desenvolvimento, exercer sua cidadania, levando cada aluno a desenvolver suas potencialidades; e ainda a prática da inclusão social baseia se em princípios diferentes do convencional: aceitação as diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivências dentro da diversidade humana, sendo aprendizagem por meio da cooperação e interação.  


COMO INCLUIR ALUNOS COM AUTISMO NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO? 

Assumir um caráter inclusivo para escola é assumir-se excludente e que muitas das vezes peca na fragilidade, na aceitação do diferente como diferente, na formação profissional, no respeito à diversidade. Se agora há crianças e adolescentes nas escolas as preocupações se voltam em como mantê-las na escola.  
 Cunha (2012), afirma que para incluir um autista no ensino regular  “ o grande foco na educação escolar deve estar no processo de aprendizagem e não nos resultados, porque, nem sempre, eles virão de maneira rápida e como queremos. É preciso atentar a carga efetiva do aprendente, observando aquilo que possui funcionalidade para ele”. Assim, compreende-se que para o aluno autista os recursos didáticos tradicionais utilizados em sala de aula, podem não fazer nenhum sentido tornando desestimulantes ou até deixando-os agressivos. Neste sentido, as adaptações curriculares e na própria sala de aula como flexibilidade, formação e capacitação do professor, são considerados recursos indispensáveis para que a estada deste aluno no ensino regular assuma um caráter de inclusão e não de exclusão do mesmo..  
Diante de tais colocações, considero que para receber um aluno autista em uma sala de ensino regular o professor precisará como nos remete os autores citados, conhecer as especificidades e o grau de comprometimento deste aluno. Considera-se também que ele deva estar em parceria com a família para que haja cumplicidade e assim o professor possa fazer parte do mundo de seu aluno, conhecer suas predileções, seu tempo e suas limitações. É importante ainda que o professor e sua equipe conheçam os trâmites legais que permeiam o âmbito da educação especial, principalmente no que diz respeito à inclusão do aluno autista. Para que, desse modo, ele tenha segurança em fazer as adaptações necessárias e tornar o aprendizado deste aluno significativo e prazeroso. Ter um aluno autista em sala de aula não é como ter um deficiente físico, com TDH, deficiente intelectual ou com Síndrome de Down. As adaptações precisam ser feitas em todos os casos, porém o autista tem sua peculiaridade. Nesse processo é preciso que haja a aceitação do profissional que vai trabalhar com esse aluno autista. Esse profissional precisa entender que há a necessidade de rotina e muitas vezes há uma resistência a mudanças, tornando o acesso ao aluno muito restrito.  Uma escola que atenda este aluno precisa estar preparada para flexibilidade tanto do currículo, quanto a do profissional que atenda o aluno.  
Assim, para se trabalhar com um aluno autista no ensino regular, é preciso comprometimento, tolerância e estar apto a mudanças. É preciso conhecer as peculiaridades de cada autista para que as estratégias tenham funcionalidade.  Mais necessário ainda é tornar a sala de aula e a escola um ambiente diferente do tradicional. 
 “ Se uma criança não pode aprender da maneira que é ensinada , é melhor ensiná-la da maneira que ela pode aprender”. Marion Welchmann 


Referencias : 
CUNHA, Eugênio.Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora,2012. 
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília : Corde, 1994. 
SUPLINO, MaryseINCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM AUTISMO. 2006. 8 f. Tese (Doutorado) - Curso de Dotorado, Centro Ann Sullivan do Brasil, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http;//files.inclusãoescolar.webnode.com.br/200000010-8d32a8e2d2/inclusão-de-alunos-com-autismo.pdf>.  
https://www.google.com.br/search?q=autismo+inclusão&source 




terça-feira, 14 de novembro de 2017

I Simpósio Valenciano sobre Autismo



                          I SIMPÓSIO VALENCIANO SOBRE AUTISMO- UM OLHAR MULTIDISCIPLINAR



O " I Simpósio Valenciano sobre Autismo - Um Olhar Multidisciplinar "que aconteceu no último dia 31/10/2017 na Fundação Lea Pentagna, nasceu da iniciativa da profissional Andréa Pinheiro Bonfante-Psicanalista e Psicopedagoga. Debruçada sobre os estudos do Autismo ao qual é apaixonada e pela experiência clínica com seus pacientes que atende na Clínica Vida Plena, Andréa percebeu que embora pertinente e atual, o tema autismo no viés multidisciplinar e com proposta inclusiva na qual acredita, precisava ser abordado com mais atenção e compartilhado com todos aqueles que de forma direta ou indireta estão ligados ao assunto,
pois como ela sempre diz nos cursos e palestras que apresenta,  "Conhecimento compartilhado é conhecimento multiplicado." A partir da ideia inicial e com a sugestão de seu sócio Charles José- Psicólogo Clínico e Psicanalista, decide então nomear o evento e dar identidade à ele em formato de simpósio, possibilitando convidar outros profissionais de áreas diversas a dividirem esse momento, e por essa razão convida então o cantor e tenor Saulo Laucas, autista e deficiente visual, para fazer a abertura do evento onde foi aplaudido de pé pelos os que lá estavam. Além de sua apresentação onde discursou sobre o tema
"A Psicanálise e a Clínica do Autismo Infantil" mostrando como uma abordagem Psicanalítica pode dar voz à esse sujeito autista desasilando-o do isolamento social promovendo qualidade de vida e abrindo possibilidades de estar no laço social no qual ele precisa estar inserido. Sua convidada Ana Ribeiro- Nutricionista brilhantemente apresentou uma interessante reflexão sobre a qualidade da alimentação de crianças autistas com o tema "Alimentação: Facilitador ou Complicador?" ; Pedro Lemos-Professor de Educação Física propôs também uma bela reflexão sobre a realidade na qual estamos vivendo em tempos contemporâneos : "Inclusão ou Exclusão Assistida?" e fechando o simpósio, a Professora e Pedagoga Joana Darc Batista  levou ao público o relato de suas experiências com crianças autistas com tema "Relato de Vivências" emocionando muitos dos presentes. Por ser um evento totalmente sem fins lucrativos e com um cunho de responsabilidade social, os participantes forma convidados a contribuírem com 1 kg de alimento
não perecível que foi doado ao Lar Meimei Valença. Os participantes acadêmicos e profissionais também puderam contar com um certificado de participação que será entregue na própria instituição onde o evento aconteceu até o final do mês de novembro. Andréa agradece aos responsáveis pela Fundação Lea Pentagna, Dona Dilma Dantas e o Sr. Gilberto Monteiro pela forma como receberam e acolheram seu projeto, depositando total confiança em seu trabalho assim como no da equipe. 

AUTISMO E EDUCAÇÃO FÍSICA


AUTISMO E EDUCAÇÃO FÍSICA




Muito se discute sobre a inclusão do aluno Autista no Sistema de Ensino Regular, entretanto pouco se debate sobre a inclusão nas aulas de Educação Física.
De acordo com Tomé (2007), a implantação da educação física no ensino dos autistas, favorece o desenvolvimento de habilidades sociais e possibilita uma melhora na qualidade de vida desses sujeitos. No entanto, para uma atividade eficaz na aprendizagem do autista é necessário conhecer cada aluno de maneira individual, sabendo dos seus interesses, de suas habilidades motoras e de suas capacidades comunicativas.
A falta de controle pela criança de seus impulsos, limites sociais, percepção de espaço de acordo com o contexto e com as demandas de terceiros, fazem com que as formas de se expressar pelo corpo fiquem muito prejudicadas e desorganizadas. O controle de seus movimentos depende de noção espacial, sensibilidade, interação com o meio e com o outro, sendo exatamente a capacidade de integrar estes elementos que define a eficácia de uma ação organizada e também a expressão de um desejo positivo ou negativo durante a interação com os demais a sua volta. A psicomotricidade permite que a criança com Autismo possa adquirir o que lhe é mais caro e deficitário: apropriar-se de sua imagem e esquema corporal e da consciência de seu corpo dentro de um ambiente ou de um contexto. Para tal objetivo, é importante que se trabalhe com esta criança por meio de estratégias que a faça se auto-perceber e se inter-relacionar com os limites do meio. Atividades como rolar, pular, tocar, mudando de lado ou de posição (frente/atrás) fazem com que ela consiga, aos poucos, perceber os limites entre seu interno e seu externo. Deve-se, a todo momento, manter o contato visual e ajudar a seguir comandos com mudança de tonalidade de voz, a fim de desenvolver a capacidade de agir, com finalidade de iniciar e terminar processos. É comum estes conhecimentos estarem associados aos métodos de integração sensorial, pois existem muitas intersecções e estratagemas em comum entre ambos.

Em relação às evidências científicas, ainda carecem trabalhos que comprovam a eficácia da psicomotricidade, mas clínicos e profissionais experientes vêm ressaltando seu papel na intervenção e remediação de alguns déficits muito comuns no Autismo, especialmente no que tange à coordenação motora e problemas sensoriais.
O envolvimento da família nestas atividades é fundamental e a mesma pode ser orientada a manter tais atividades em ambiente doméstico. Os cuidadores devem ser instruídos e orientados a entender os objetivos das intervenções e estimulados a ampliar a gama de estratégias nos mais diversos contextos. É salutar que o tratamento psicomotor seja conduzido dentro de uma abordagem interdisciplinar e associado a outras formas de intervenção, pois o desenvolvimento da linguagem, o tratamento de comorbidades e o suporte escolar acrescentam e auxiliam muito a generalizar os resultados do tratamento.

Pedro Lemos - Professor de Educação Física - CREF 037864-G/RJ

Referências:






Tomé, Maycon Cleber (2007). A educação física como auxiliar no desenvolvimento cognitivo e corporal dos autistas. Disponível em: https://www.toledo.pr.gov.br/sites/default/files/autista_0.pdf. Acesso em: 24 set. 2015.