sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Janeiro branco e saúde mental. A quantas anda o cuidado com nossa saúde psíquica?



 

Janeiro Branco e saúde mental. 

A quantas anda o cuidado com nossa saúde emocional? 



        Estamos encerrando mais um JANEIRO e com ele as campanhas de conscientização que deveriam durar o ano todo e não apenas reduzirem-se a um escasso período de trinta dias.  Cuidar da saúde emocional, pode parecer jargão ou discurso recorrente, mas o fato é que nada está bem se seu psiquismo caminha mal das pernas, "anda capenga" como diria o senso comum.

        Tudo, absolutamente tudo conversa com a psique. Ou é a partir dela ou se converte nela. Não dá para separar mente e corpo. Tudo está conectado, uma mesma engrenagem que precisa ter suas articulações "lubrificadas" para não dar pane.

     Ao passamos por um evento emocional mais significativo, seguramente isso se converterá para o corpo, e se o corpo sofre por uma doença, acidente ou algo do tipo, isso se converterá para o psiquismo. Não dá para fugir disso. Pode parecer redundante ou repetitivo mas vale reforçar o recado: A OMS (Organização Mundial de Saúde) nomeia o ser humano como bio, psico, social e espiritual. O ser como um todo e não fragmentado, pois se fragmentado estiver ele adoecerá de um jeito ou de outro, física ou mentalmente.

        Curioso quando nos deparamos com uma grande parte das pessoas que ainda considere que se engajar num processo de análise ou terapia seja coisa de "gente fraca". Grande engano! Análise e/ou terapia é para corajosos. Sim, isso mesmo, cuidar da saúde mental é para corajosos. Despir-se frente a um profissional de suas "supostas fraquezas", é antes de tudo dar-se conta de que somos HUMANOS, ou seja, falhos, incompletos, pois sempre estaremos em constante construção.

        A sociedade nos cobra todo o tempo um "autogerenciamento" do qual nem sempre damos conta, como diz o autor coreano Byung-Chul Han, filósofo e ensaísta sul-coreano, professor da Universidade de Artes de Berlim em seu livro "Sociedade do Cansaço". Han comenta que em nossa sociedade contemporânea  somos a todo momento cobrados dar certo, dar conta, sermos pró ativos, bem sucedidos, enfim, verdadeiros atores de um comercial de margarina, ou seja, "tudo perfeito", só que não é bem assim que as coisas funcionam, sabemos disso, mas no entanto, se não estivermos atentos, somos tragados pelo discurso midiático e capitalista que não cessa de nos exigir, e a saúde emocional, na maioria  vezes já comprometida por várias outras razões que a dinâmica da vida nos exige, acaba sucumbindo.

        Para cada doença do corpo, existe um especialista para cuidar dela. E a saúde mental? Por quais razões a colocamos de lado ou em segundo plano algo que comanda toda a dinâmica do sujeito, ou seja, a mente? Por que não cuidamos de nós? Por que nos procrastinamos e nos negligenciamos? As campanhas existem com o propósito  de nos fazer refletir sobre a importância de temas fundamentais como esse. Não à toa ou por acaso o ano se  inicia propondo pensar em nossa SAÚDE EMOCIONAL. 

        Quantas situações complexas e delicadas, que colocam inclusive a vida das pessoas em risco de morte, como o suicídio, uso de drogas, compulsões, dentre várias outras circunstâncias poderiam ser evitadas se as pessoas procurassem ajuda quando se percebessem fragilizadas, inseguras e confusas, não é mesmo? Se você se vê precisando de ajuda ou conhece alguém que esteja passando por essa circunstância, procure ajuda profissional ou oriente quem esteja próximo à você a fazer o mesmo. 

        Pensemos!!!


Andréa Pinheiro Bonfante- Psicanalista

Mestre e Doutoranda em Psicanálise, Saúde e Sociedade.

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