sábado, 23 de setembro de 2017

TDAH e Transtornos de aprendizagem. Como saber? O que fazer?


TDAH e Transtornos de aprendizagem. Como saber? O que fazer? 


Seu filho é ativo e não para de correr de um lado pro outro? Seu filho é questionador?  Ele é curioso? É teimoso? Seu filho quer estar sempre experimentando e conhecendo coisas novas e fica excitado com essas possibilidades? Ele tem dificuldade em ficar parado porque é extremamente vibrante e fica empolgado com o novo? Tem dificuldades em aceitar regras e limites? Se dispersa com razoável facilidade? Passa por dificuldades na escola? Tem dificuldade em se responsabilizar com suas tarefas? Tem dificuldades de concluir tarefas já iniciadas? Se você disse sim a todas essas perguntas ou a maioria delas pode estar se perguntando se seu filho tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) ou quaisquer outros transtornos de aprendizagem que tanto se comenta nos tempos atuais nos consultórios pediátricos, nas instituições escolares, entre os educadores ou qualquer outro lugar onde haja um pai ou uma mãe preocupado com o comportamento não “adequado” de seu filho ou resultados “nada satisfatórios” na escola. E nesse caso, o que fazer? Que providência tomar? Medicar é lógico. Só que não. Não é disso que se trata como diz nosso sábio Psicanalista Jacques Lacan. Apresentar tais sintomas não faz necessariamente de uma criança um portador de um desses transtornos. Qualquer um de nós pode se enquadrar num desses padrões em determinado momento ou circunstância.

“Hoje já podemos falar em aprendizagem sem necessariamente pensar num modelo único e puramente de transmissão de saber. Existem diversos modelos e uma vasta forma de trabalhar a educação, claro que há umas que possibilitam mais autonomia e outras que ainda prendem o sujeito numa alienação, que o impede de ver o mundo com seus próprios olhos”. (JACQUES LACAN)¹

A questão é que precisamos ter muita cautela quanto a todas essas questões, pois um laudo precipitado e pouco investigado pode acarretar em medicalização indiscriminada e rotulações indesejáveis para seu filho, tirando dele toda sua subjetividade. O que venho propor aqui é uma abordagem diferenciada sobre o assunto, um olhar além que possa trazer aos pais esclarecimentos quanto o quão grave pode ser a precipitação de um diagnóstico.
Charles José da Silva, Psicólogo Clínico, Psicanalista, Pós graduando em Teoria e Clínica Psicanalítica, diz em seu artigo Medicalização do Sofrimento e a Dor Existencial Humana “[...] medicalizaram-se as crianças, por apresentarem rebeldias que, até bem pouco tempo tratávamos como ‘coisas de crianças’ e que hoje demos o status de “doença”“. Estamos tornando nossas crianças e suas infâncias doentes “³”.
Posso comprovar o que diz o caro colega todos os dias em minha clínica, onde atendendo crianças com demandas das mais diversas, sendo de aprendizagem ou emocionais, tanto na vertente Psicopedagógica ou Psicanalítica, defronto-me com familiares numa busca inalcançável de perfeição de conduta dessas crianças que desejam apenas ser ouvidas por aqueles que amam e que na grande maioria das vezes os problemas que apresentam são da ordem do emocional. Crianças meramente desmotivadas pelo processo educacional e não “doentes”. É preciso investigar as causas e não apenas voltar os olhares para os sintomas apresentados acima, que podem erroneamente nos influenciar fazendo-nos supor sobre o assunto.
O discurso atual que mais prevalece nas redes sociais atualmente fala sobre a intolerância, aceitação das diferenças, a pluralidade do ser humano e discursos outros que seguem essa linha de raciocínio que defendem o direito de “SER DIFERENTE” e ser aceito e respeitado como tal. Curioso que ao mesmo tempo em que a sociedade luta em aceitar a singularidade dos indivíduos dentro de uma pluralidade de realidades, quando falamos de nossos filhos no que diz respeito ao seu desempenho escolar e processos de aprendizagem, nos precipitamos em rotulá-los e medicalizá-los numa tentativa desesperada de justificar aquilo que não conseguimos entender ou lidar de forma saudável - a não aprendizagem ou a dificuldade dela. E então seguimos rotulando e medicalizando nossas crianças, muita das vezes sem necessidade, fazendo dessa geração uma geração de “zumbis”, que seguem sem questionar, pois é exatamente isso que um medicamento mal administrado pode causar.
É lógico que os laudos existem e que os medicamentos têm o seu lugar, desde que investigações a respeito dessa criança, da sua vida familiar, histórico de doenças e a forma como a criação dessa criança é conduzida sejam observados. Para se chegar a um laudo final de TDAH e outros transtornos é primordial que haja uma equipe multidisciplinar que consta de pediatra, neurologista, psicopedagogo, fonoaudiólogo e terapeuta para trabalhar de forma responsável essa possibilidade. Procure referências sobre os profissionais ao qual confiará seu filho, troque ideias e questione com eles sobre a forma mais saudável de conduzir um tratamento, e o mais importante, invista tempo e dedicação ao seu filho. Se não podemos nos precipitar em rotular nossas crianças, tampouco devemos ser omissos quanto à procura de uma ajuda profissional competente. Caso você tenha dúvidas quanto ao comportamento de seu filho, procure um profissional (neurologista, psiquiatra, pediatra ou psicólogo) que possa lhe orientar, não especule sobre o assunto nem aceite opiniões nada profissionais ou leigas. Caso o laudo seja positivo, qual o problema? Não tenha medo nem seja preconceituoso. Secretariado por uma boa equipe de profissionais seu filho poderá conduzir sua vida de forma muito saudável e positiva. O Psicopedagogo exercerá papel fundamental no tratamento desses transtornos envolvendo de forma lúdica e atraente a criança no processo de aprendizagem que é constante e diário para despertar no “aprendente” o desejo do saber, pois o que move a aprendizagem é o desejo.

Referências:

Escrito por: Andréa Pinheiro Bonfante

Andréa Pinheiro Bonfante
*Psicanalista / Psicopedagoga- ABPp:1271-RJ
*Mestranda em Psicanálise Saúde e Sociedade
*Diretora de Mobilização Distrital do Sindicato

dos Psicopedagogos do Brasil- CRPp:816

e-mail: andreapinheiroprof@hotmail.com
Espaço Multidisciplinar Vida Plena
Rua André Rugeri, 115- Bairro de Fátima-Valença-RJ Tel.:(24)2452-4478 (24)99316-8982whatsapp


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