terça-feira, 14 de novembro de 2017

AUTISMO E EDUCAÇÃO FÍSICA


AUTISMO E EDUCAÇÃO FÍSICA




Muito se discute sobre a inclusão do aluno Autista no Sistema de Ensino Regular, entretanto pouco se debate sobre a inclusão nas aulas de Educação Física.
De acordo com Tomé (2007), a implantação da educação física no ensino dos autistas, favorece o desenvolvimento de habilidades sociais e possibilita uma melhora na qualidade de vida desses sujeitos. No entanto, para uma atividade eficaz na aprendizagem do autista é necessário conhecer cada aluno de maneira individual, sabendo dos seus interesses, de suas habilidades motoras e de suas capacidades comunicativas.
A falta de controle pela criança de seus impulsos, limites sociais, percepção de espaço de acordo com o contexto e com as demandas de terceiros, fazem com que as formas de se expressar pelo corpo fiquem muito prejudicadas e desorganizadas. O controle de seus movimentos depende de noção espacial, sensibilidade, interação com o meio e com o outro, sendo exatamente a capacidade de integrar estes elementos que define a eficácia de uma ação organizada e também a expressão de um desejo positivo ou negativo durante a interação com os demais a sua volta. A psicomotricidade permite que a criança com Autismo possa adquirir o que lhe é mais caro e deficitário: apropriar-se de sua imagem e esquema corporal e da consciência de seu corpo dentro de um ambiente ou de um contexto. Para tal objetivo, é importante que se trabalhe com esta criança por meio de estratégias que a faça se auto-perceber e se inter-relacionar com os limites do meio. Atividades como rolar, pular, tocar, mudando de lado ou de posição (frente/atrás) fazem com que ela consiga, aos poucos, perceber os limites entre seu interno e seu externo. Deve-se, a todo momento, manter o contato visual e ajudar a seguir comandos com mudança de tonalidade de voz, a fim de desenvolver a capacidade de agir, com finalidade de iniciar e terminar processos. É comum estes conhecimentos estarem associados aos métodos de integração sensorial, pois existem muitas intersecções e estratagemas em comum entre ambos.

Em relação às evidências científicas, ainda carecem trabalhos que comprovam a eficácia da psicomotricidade, mas clínicos e profissionais experientes vêm ressaltando seu papel na intervenção e remediação de alguns déficits muito comuns no Autismo, especialmente no que tange à coordenação motora e problemas sensoriais.
O envolvimento da família nestas atividades é fundamental e a mesma pode ser orientada a manter tais atividades em ambiente doméstico. Os cuidadores devem ser instruídos e orientados a entender os objetivos das intervenções e estimulados a ampliar a gama de estratégias nos mais diversos contextos. É salutar que o tratamento psicomotor seja conduzido dentro de uma abordagem interdisciplinar e associado a outras formas de intervenção, pois o desenvolvimento da linguagem, o tratamento de comorbidades e o suporte escolar acrescentam e auxiliam muito a generalizar os resultados do tratamento.

Pedro Lemos - Professor de Educação Física - CREF 037864-G/RJ

Referências:






Tomé, Maycon Cleber (2007). A educação física como auxiliar no desenvolvimento cognitivo e corporal dos autistas. Disponível em: https://www.toledo.pr.gov.br/sites/default/files/autista_0.pdf. Acesso em: 24 set. 2015.

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