Etarismo, como envelhecer numa cultura da beleza?
Etarismo,
o que essa palavra significa?
"Etarismo é o preconceito contra pessoas por causa de sua idade. Esse preconceito afeta pessoas jovens, mas é muito mais comum contra pessoas idosas, se manifestando de diversas maneiras, como na forma como desconsideramos a opinião de uma pessoa apenas por ela ser idosa."
Onde e
como ele se manifesta?
O
etarismo se manifesta em diversos ambientes, mas principalmente no ambiente
familiar, profissional e de saúde. Pode causar graves sequelas psicológicas nas
vítimas."
O
etarismo é um preconceito?
Sim, esse preconceito pode se manifestar de várias formas, desde estereótipos negativos sobre envelhecimento até a exclusão de pessoas mais velhas de certas atividades ou decisões.
O
etarismo pode ser considerado crime?
No
Brasil, o Estatuto da Pessoa Idosa considera o etarismo uma forma de
violência e, em alguns casos, pode ser enquadrado até mesmo como crime.
Recentemente,
iniciativas têm surgido para combater essa discriminação. Por exemplo, no Distrito
Federal, foi aprovado um projeto que institui o Dia Distrital de
Conscientização contra o Etarismo, celebrado em 15 de junho, com ações
educativas e de valorização da população idosa. Além disso, o Festival Cine
Inclusão 60+, realizado em São Paulo, busca dar protagonismo a idosos no
audiovisual, promovendo debates e oficinas para combater o etarismo no meio
artístico.
E a psicanálise, o que ela tem a dizer sobre o ETARISMO?
Psicanálise e Etarismo:
Desvendando as Raízes da Discriminação
Etarismo – Escuta Psicanalitica
Vamos explorar o etarismo sob
uma perspectiva psicanalítica. A psicanálise nos ajuda a compreender as
complexidades da mente humana e as origens profundas da discriminação. Hoje,
mergulharemos nesse tema desafiador para buscar uma compreensão mais profunda.
🔎 O etarismo, assim como outras formas de
discriminação, tem suas raízes na mente inconsciente. A psicanálise nos ensina
que nossa mente é influenciada por desejos, medos e crenças profundamente
arraigados, muitos dos quais adquirimos durante nossa infância.
👶 Na primeira infância, internalizamos
mensagens e valores da sociedade ao nosso redor. Isso inclui ideias sobre o
envelhecimento e o valor atribuído às diferentes idades. Essas crenças, muitas
vezes inconscientes, moldam nossa percepção e comportamento em relação aos
outros.
🔄 O etarismo pode ser entendido como um
mecanismo de defesa psicológico, no qual projetamos nossos medos e ansiedades
em relação ao envelhecimento e à morte nos outros. Ao discriminar os mais
velhos, tentamos negar a inevitabilidade do envelhecimento e proteger nossa
própria fragilidade e mortalidade.
💡 A psicanálise nos convida a enfrentar
nossos medos e preconceitos inconscientes, trazendo-os para a consciência. Ao
compreender as motivações ocultas por trás do etarismo, podemos começar a
desafiar e desconstruir esses padrões prejudiciais.
💔 É importante lembrar que o etarismo não
apenas afeta os mais velhos, mas também tem consequências negativas para
aqueles que perpetuam a discriminação. Ao dividir a sociedade em grupos
baseados na idade, perdemos a oportunidade de aprender com a sabedoria
acumulada dos mais velhos e limitamos nossa própria compreensão do mundo.
🌱 A jornada de superar o etarismo começa
com a autorreflexão. Ao questionar nossos próprios preconceitos e estar abertos
ao diálogo, podemos começar a desmantelar os estereótipos que sustentam a
discriminação etária.
🤝 Vamos abraçar a diversidade etária e
valorizar o conhecimento e a experiência de todas as gerações. A psicanálise
nos ensina que a compreensão mútua e a aceitação são os alicerces para a
construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.
IMPACTOS DO ETARISMO SOBRE A
SAÚDE MENTAL
Impactos
do etarismo sobre a saúde mental - SBGG
Você sabia que sofrer etarismo
amplia as chances de ansiedade e depressão?
Impactos do etarismo sobre a
saúde mental - SBGG
O Etarismo e a cultura
da beleza
O
etarismo e a cultura da beleza estão profundamente interligados, especialmente
na forma como a sociedade valoriza a juventude e impõe padrões estéticos
rígidos. O etarismo na estética se manifesta na pressão para que as pessoas,
principalmente mulheres, mantenham uma aparência jovem, muitas vezes recorrendo
a procedimentos estéticos ou escondendo sinais naturais do envelhecimento.
A cultura da beleza reforça a ideia de que a juventude é sinônimo de valor e atratividade, enquanto o envelhecimento é visto como um declínio. Isso impacta a autoestima e a saúde mental, levando muitas pessoas a sentirem que precisam "lutar contra o tempo" para permanecerem aceitas socialmente. Atrizes e figuras públicas têm se posicionado contra essa pressão, destacando a importância de aceitar o envelhecimento como um processo natural e digno.
Etarismo:
entenda o que é e quais os impactos na vida da mulher
Etarismo:
entenda o que é e quais os impactos na vida da mulher | Beleza | gshow
Se
você já ouviu frases como: “Você não tem mais idade para isso”, “Você deve ter
sido uma jovem muito bonita”, “Você não tem mais idade para usar essa roupa” ou
“Você está ótima para a sua idade! Nem parece”, é hora de debater e combater a
discriminação por idade e que acomete, principalmente, as mulheres.
“Nos
anos de 1960, o termo foi criado pelo médico norte-americano, Robert Butler, um
estudioso sobre envelhecimento e longevidade. Ele usou o termo em inglês
“ageism” em uma derivação de age (idade) para se referir ao preconceito
relacionado à idade”, explica Ediane Ribeiro, psicóloga
especialista em traumas.
“Embora
o etarismo possa atingir tanto homens quanto mulheres, há uma cultura em que o
preconceito contra o envelhecimento feminino é maior e mais cruel."
"Se
olharmos para dados como: ‘mulheres acima dos 45 anos em cargos relevantes nas
empresas’ e ‘estereótipos relacionados ao envelhecimento do corpo feminino e à
menopausa’, vamos perceber que as mulheres são mais julgadas em relação à
aparência física, suas capacidades e habilidades, em relação ao seu valor com a
maturidade”.
Como
qualquer outro tipo de preconceito, o etarismo causa inúmeros danos a quem
sofre e, muitas vezes, é praticado de forma velada.
Na mulher, tem grande impacto na saúde e na autoestima: "As mulheres, após os 40 anos, enfrentam o mito de serem menos produtivas, devido à queda da função reprodutiva, o que pode gerar uma espécie de exclusão social, tanto no mercado de trabalho, quanto em outros ambientes, como o familiar, onde sua credibilidade de conhecimento, competência ou a forma como lida com as situações do dia a dia e com os seus sentimentos podem ser questionados devido ao fato dela estar envelhecendo”, e esta mulher se sente sozinha, por falta de informação, diálogo e acolhimento, nesta fase. As percepções de mudanças no corpo (cabelo, pele, humor, energia), em decorrência da queda hormonal, colaboram para um sentimento, muitas vezes, de ansiedade e depressão que minam a sua autoestima e saúde”
DESrespeito
Como identificar o etarismo?
Manifestações de discriminação por idade são vistas em diversas situações do cotidiano. No mercado de trabalho, alguns sinais de alerta são:
- Maior dificuldade de empregabilidade por
pessoas acima dos 50 anos;
- Quando
a empresa tem um padrão em que se identifica pouca contratação ou promoção
de pessoas acima dos 40 anos, principalmente mulheres;
- Quando
os colaboradores relatam sensação de insegurança quanto à manutenção de
seus empregos em função da idade;
- Remanejamento
de pessoas mais velhas para atividades ou cargos menos valorizados;
- Comentários e piadas dentro da empresa que tem como foco a questão da idade dos colaboradores, por exemplo, associando idade à ineficiência, dificuldade de adaptação ou menor produtividade.
Além
disto tudo já posto, também podemos identificar sinais de preconceito em
comentários sobre como uma pessoa dever se vestir ou o que pode ou não fazer em
função da idade. No âmbito familiar, muitas vezes, os idosos começam a ser
infantilizados e, suas opiniões, desconsideradas.
A
pergunta que não quer calar- Como envelhecer de maneira saudável numa cultura
da beleza?
Cada
uma encontrará seu próprio caminho, disso não há dúvidas. E você, o que pensa
sobre isso?
A
reflexão é urgente e necessária. Nada muda se a gente não mudar. Repetir discursos
pré-moldados que nos engessam na cegueira social e cultural só reforça a
repetição de padrões.
Não se
render aos padrões e códigos de beleza nas vitrines do contemporâneo é por si
só um ato de resistência. O primeiro passo talvez seja nos questionarmos diante
daquilo que insiste em nos convencer de que devamos cegamente nos fazer caber
em moldes ultrapassados e limitadores de uma suposta beleza encomendada que vai
na contramão da condição de sermos humanos e multifacetados.
Profa.
Dra. Andréa Pinheiro Bonfante- Doutora e Mestre em Psicanálise, Saúde e
Sociedade.
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