ALIMENTAÇÃO E AUTISMO
O autismo apresenta algumas características
específicas quanto à alimentação. São elas a seletividade, a possível recusa de
alguns ou vários alimentos, a indisciplina comportamental durante as refeições
e as desordens gastrointestinais. Todo esse quadro pode ocasionar deficiências
nutricionais, desnutrição e a fome oculta (necessidade de nutrientes cuja falta
ou deficiência só podemos perceber através de exames bioquímicos).
A partir disso, temos quatro condições
básicas impactadas no Autismo. A inflamação intestinal (disbiose), a
deficiência de nutrientes, a proliferação de fungos e o estresse oxidativo.
Todo o tempo o foco da nutrição deve ser a
recuperação da integridade do intestino, reduzindo ou eliminando a inflamação
constante que pode ser causada por toxinas, alergias, sensibilidade alimentar e
crescimento desordenado de bactérias e fungos, pois os nutrientes não são
adequadamente digeridos e absorvidos tendo consequência uma baixa função
cerebral e celular em geral. Esse quadro pode gerar no autista, respostas físicas
como dores generalizadas (dores de cabeça, articulações, musculares), azia,
refluxo, diarreia, constipação, má digestão e comportamentos estereotipados
como autoagressão, beliscões no corpo, arranhões, bater com a cabeça, sacudir
os braços, alteração do paladar. Também pode levar ao consumo excessivo de
alimentos ricos em carboidratos simples como os preparados com farinha de trigo
(massas, bolos, biscoitos, pães e etc) cuja característica gerou a expressão
“carboman” (homem do carboidrato) para os autistas, já que suas funções
cerebrais estão alteradas. Além disso, a deficiência de nutrientes e o acúmulo
de metais pesados no organismo causam percepção alterada do paladar o que pode
levar alguns indivíduos a consumirem produtos não alimentícios como shampoos,
tinta, cola, sabonete, tijolo, entre outros.
Outro ponto importante a ser observado é o
crescimento desordenado de fungos, cujas toxinas produzidas entram na corrente
sanguínea e seguem até o cérebro onde podem provocar sintomas como: alienação, falta de clareza mental e
comportamento viciado. A proliferação de fungos pode ser causada pelo excessivo
uso de antibióticos e o sistema imunológico desequilibrado do indivíduo.
O estresse
oxidativo é a resposta do organismo às agressões causadas pela poluição,
toxinas, excessivo consumo de alimentos industrializados que contém
conservantes como glutamato e metais pesados como alumínio e mercúrio. Ele
danifica o sistema nervoso. A alimentação do autista deve ser o mais natural
possível.
Para eles é
importante melhorar a digestão dos alimentos, disfarçar vegetais e legumes de
forma que aceitem melhor a alimentação,
retirando ou diminuindo o consumo de açúcares, amidos e fermentos.
A suplementação
através de enzimas e polivitamínicos pode ser necessária e de acordo com cada
caso, pois cada pessoa responde de uma forma ao tratamento.
Alimentos que causam alergia ou
sensibilidade alimentar devem ser reduzidos ou retirados da dieta do autista,
como aqueles que possuem em sua composição glúten (parte proteica do trigo) e
caseína (parte proteica do leite).
Alimentos probióticos (que contém bactérias
vivas boas para o intestino) como o kefir, o chucrute, leites fermentados e
iogurtes, bem como os prebióticos (aqueles provenientes das fibras alimentares
e que as bactérias vivas boas utilizam para se alimentar) como as fibras vindas
de alguns vegetais (banana, cebola, alho, chicória, maçã e linhaça) devem ser
adicionados à alimentação.
Alimentos ricos em ômega 3 como as
castanhas, sardinha, atum, salmão, sementes ou farinhas de chia, linhaça,
amaranto, o azeite extra virgem devem ser priorizados de forma a minimizar a
inflamação do intestino.
Priorizar orgânicos, inserir verduras,
legumes e frutas, diminuir ou eliminar corantes, conservantes e o excesso de
químicos e industrializados é fundamental e urgente no tratamento nutricional
do autismo, visto que ele pode melhorar consideravelmente a qualidade de vida
do indivíduo.
Nutricionista Ana Lúcia Ribeiro de Vasconcellos
CRN4 11100846
REFERÊNCIAS:
LIVRO:
AUTISMO, ESPERANÇA PELA NUTRIÇÃO – Claudia Marcelino
Probióticos
e Prebióticos. Disponível em: http://www.estouautista.com.br/index.php/2009/05/20/prebioticos-e-probioticos/
Dieta
sem glúten sem caseína. Disponível em: http://www.estouautista.com.br/index.php/dieta-sgsc/
Autismo,
a relação com certos alimentos. Disponível em: https://gluteneobesidade.wordpress.com/209-2/
Nutrição
e Autismo: considerações sobre a alimentação do autista. Disponível em: http://www.itpac.br/arquivos/Revista/51/1.pdf
ABRA
– Associação Brasileira do Autismo - http://www.autismo.org.br/
Guia
Prático de Intervenção Nutricional no Autismo – disponível em: http://www.estouautista.com.br/index.php/dieta-sgsc/
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