Psicanalista Mestre e Doutoranda em Psicanálise

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

ALIMENTAÇÃO E AUTISMO



ALIMENTAÇÃO E AUTISMO


O autismo apresenta algumas características específicas quanto à alimentação. São elas a seletividade, a possível recusa de alguns ou vários alimentos, a indisciplina comportamental durante as refeições e as desordens gastrointestinais. Todo esse quadro pode ocasionar deficiências nutricionais, desnutrição e a fome oculta (necessidade de nutrientes cuja falta ou deficiência só podemos perceber através de exames bioquímicos).
A partir disso, temos quatro condições básicas impactadas no Autismo. A inflamação intestinal (disbiose), a deficiência de nutrientes, a proliferação de fungos e o estresse oxidativo.
Todo o tempo o foco da nutrição deve ser a recuperação da integridade do intestino, reduzindo ou eliminando a inflamação constante que pode ser causada por toxinas, alergias, sensibilidade alimentar e crescimento desordenado de bactérias e fungos, pois os nutrientes não são adequadamente digeridos e absorvidos tendo consequência uma baixa função cerebral e celular em geral. Esse quadro pode gerar no autista, respostas físicas como dores generalizadas (dores de cabeça, articulações, musculares), azia, refluxo, diarreia, constipação, má digestão e comportamentos estereotipados como autoagressão, beliscões no corpo, arranhões, bater com a cabeça, sacudir os braços, alteração do paladar. Também pode levar ao consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos simples como os preparados com farinha de trigo (massas, bolos, biscoitos, pães e etc) cuja característica gerou a expressão “carboman” (homem do carboidrato) para os autistas, já que suas funções cerebrais estão alteradas. Além disso, a deficiência de nutrientes e o acúmulo de metais pesados no organismo causam percepção alterada do paladar o que pode levar alguns indivíduos a consumirem produtos não alimentícios como shampoos, tinta, cola, sabonete, tijolo, entre outros.

Outro ponto importante a ser observado é o crescimento desordenado de fungos, cujas toxinas produzidas entram na corrente sanguínea e seguem até o cérebro onde podem provocar sintomas como: alienação, falta de clareza mental e comportamento viciado. A proliferação de fungos pode ser causada pelo excessivo uso de antibióticos e o sistema imunológico desequilibrado do indivíduo.
O estresse oxidativo é a resposta do organismo às agressões causadas pela poluição, toxinas, excessivo consumo de alimentos industrializados que contém conservantes como glutamato e metais pesados como alumínio e mercúrio. Ele danifica o sistema nervoso. A alimentação do autista deve ser o mais natural possível.
Para eles é importante melhorar a digestão dos alimentos, disfarçar vegetais e legumes de forma que  aceitem melhor a alimentação, retirando ou diminuindo o consumo de açúcares, amidos e fermentos.
A suplementação através de enzimas e polivitamínicos pode ser necessária e de acordo com cada caso, pois cada pessoa responde de uma forma ao tratamento.
Alimentos que causam alergia ou sensibilidade alimentar devem ser reduzidos ou retirados da dieta do autista, como aqueles que possuem em sua composição glúten (parte proteica do trigo) e caseína (parte proteica do leite).
Alimentos probióticos (que contém bactérias vivas boas para o intestino) como o kefir, o chucrute, leites fermentados e iogurtes, bem como os prebióticos (aqueles provenientes das fibras alimentares e que as bactérias vivas boas utilizam para se alimentar) como as fibras vindas de alguns vegetais (banana, cebola, alho, chicória, maçã e linhaça) devem ser adicionados à alimentação.
Alimentos ricos em ômega 3 como as castanhas, sardinha, atum, salmão, sementes ou farinhas de chia, linhaça, amaranto, o azeite extra virgem devem ser priorizados de forma a minimizar a inflamação do intestino.
Priorizar orgânicos, inserir verduras, legumes e frutas, diminuir ou eliminar corantes, conservantes e o excesso de químicos e industrializados é fundamental e urgente no tratamento nutricional do autismo, visto que ele pode melhorar consideravelmente a qualidade de vida do indivíduo.

Nutricionista Ana Lúcia Ribeiro de Vasconcellos
CRN4 11100846


REFERÊNCIAS:

LIVRO: AUTISMO, ESPERANÇA PELA NUTRIÇÃO – Claudia Marcelino


Dieta sem glúten sem caseína. Disponível em: http://www.estouautista.com.br/index.php/dieta-sgsc/

Autismo, a relação com certos alimentos. Disponível em: https://gluteneobesidade.wordpress.com/209-2/

Nutrição e Autismo: considerações sobre a alimentação do autista. Disponível em: http://www.itpac.br/arquivos/Revista/51/1.pdf

ABRA – Associação Brasileira do Autismo - http://www.autismo.org.br/

Guia Prático de Intervenção Nutricional no Autismo – disponível em: http://www.estouautista.com.br/index.php/dieta-sgsc/



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