Psicanalista Mestre e Doutoranda em Psicanálise

sábado, 23 de setembro de 2017

Grupo CAIA- Caminhar Autístico e Investimento Afetivo






O Grupo CAIA- Caminhar Autístico e Investimento Afetivo muito mais do que um grupo de apoio é um serviço de utilidade pública. Motivada por sua monografia sobre o tema e atendimentos com crianças autistas na clínica, o grupo foi criado pela então Psicanalista e Psicopedagoga Andréa Pinheiro com  a proposta de reunir pais, familiares, profissionais e / ou quaisquer outros que tenham experiências e depoimentos com autistas e queiram dividir e compartilhar conosco esse aprendizado. As reuniões mensais acontecerão na Clínica Vida Plena- Valença- RJ  sempre na primeira terça-feira do mês às 19 h sob a supervisão da profissional. Os interessados em participar dos encontros, que serão sem custo, podem também se tornar parceiros e serem incluídos nas redes sociais do grupo para serem comunicados sobre a programação e usufruírem das postagens feitas frequentemente pertinentes ao tema. Aos que desejarem se unir ao grupo sejam todos muito bem vindos e que possam seguir  unidos nessa caminhada.

Andréa Pinheiro Bonfante

Psicanalista de crianças, jovens e adultos, pós-graduada em Teoria Psicanalítica pela Universidade Veiga de Almeida Tijuca RJ; Psicopedagoga Clínica e Institucional pós-graduada pela Universidade Estácio de Sá- SP; Professora de Letras (Português/Inglês e Literaturas) graduada pela UNIG- Universidade Nova Iguaçu-RJ; Tradutora e Intérprete da Língua Inglesa; Palestrante de Questões Educacionais e Familiares, Colunista do site Portal Valença-RJ, Consultora, Sócia proprietária da Clínica Vida Plena Consultórios-Valença RJ.

Clínica Vida Plena Consultórios de Psicologia, Psicopedagogia e Psicanálise

Rua Durval Cúrzio, 70- Bairro de Fátima-Valença-RJ Tel.:(24)2452-4478 (24)99316-8982 whatsapp

TDAH e Transtornos de aprendizagem. Como saber? O que fazer?


TDAH e Transtornos de aprendizagem. Como saber? O que fazer? 


Seu filho é ativo e não para de correr de um lado pro outro? Seu filho é questionador?  Ele é curioso? É teimoso? Seu filho quer estar sempre experimentando e conhecendo coisas novas e fica excitado com essas possibilidades? Ele tem dificuldade em ficar parado porque é extremamente vibrante e fica empolgado com o novo? Tem dificuldades em aceitar regras e limites? Se dispersa com razoável facilidade? Passa por dificuldades na escola? Tem dificuldade em se responsabilizar com suas tarefas? Tem dificuldades de concluir tarefas já iniciadas? Se você disse sim a todas essas perguntas ou a maioria delas pode estar se perguntando se seu filho tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) ou quaisquer outros transtornos de aprendizagem que tanto se comenta nos tempos atuais nos consultórios pediátricos, nas instituições escolares, entre os educadores ou qualquer outro lugar onde haja um pai ou uma mãe preocupado com o comportamento não “adequado” de seu filho ou resultados “nada satisfatórios” na escola. E nesse caso, o que fazer? Que providência tomar? Medicar é lógico. Só que não. Não é disso que se trata como diz nosso sábio Psicanalista Jacques Lacan. Apresentar tais sintomas não faz necessariamente de uma criança um portador de um desses transtornos. Qualquer um de nós pode se enquadrar num desses padrões em determinado momento ou circunstância.

“Hoje já podemos falar em aprendizagem sem necessariamente pensar num modelo único e puramente de transmissão de saber. Existem diversos modelos e uma vasta forma de trabalhar a educação, claro que há umas que possibilitam mais autonomia e outras que ainda prendem o sujeito numa alienação, que o impede de ver o mundo com seus próprios olhos”. (JACQUES LACAN)¹

A questão é que precisamos ter muita cautela quanto a todas essas questões, pois um laudo precipitado e pouco investigado pode acarretar em medicalização indiscriminada e rotulações indesejáveis para seu filho, tirando dele toda sua subjetividade. O que venho propor aqui é uma abordagem diferenciada sobre o assunto, um olhar além que possa trazer aos pais esclarecimentos quanto o quão grave pode ser a precipitação de um diagnóstico.
Charles José da Silva, Psicólogo Clínico, Psicanalista, Pós graduando em Teoria e Clínica Psicanalítica, diz em seu artigo Medicalização do Sofrimento e a Dor Existencial Humana “[...] medicalizaram-se as crianças, por apresentarem rebeldias que, até bem pouco tempo tratávamos como ‘coisas de crianças’ e que hoje demos o status de “doença”“. Estamos tornando nossas crianças e suas infâncias doentes “³”.
Posso comprovar o que diz o caro colega todos os dias em minha clínica, onde atendendo crianças com demandas das mais diversas, sendo de aprendizagem ou emocionais, tanto na vertente Psicopedagógica ou Psicanalítica, defronto-me com familiares numa busca inalcançável de perfeição de conduta dessas crianças que desejam apenas ser ouvidas por aqueles que amam e que na grande maioria das vezes os problemas que apresentam são da ordem do emocional. Crianças meramente desmotivadas pelo processo educacional e não “doentes”. É preciso investigar as causas e não apenas voltar os olhares para os sintomas apresentados acima, que podem erroneamente nos influenciar fazendo-nos supor sobre o assunto.
O discurso atual que mais prevalece nas redes sociais atualmente fala sobre a intolerância, aceitação das diferenças, a pluralidade do ser humano e discursos outros que seguem essa linha de raciocínio que defendem o direito de “SER DIFERENTE” e ser aceito e respeitado como tal. Curioso que ao mesmo tempo em que a sociedade luta em aceitar a singularidade dos indivíduos dentro de uma pluralidade de realidades, quando falamos de nossos filhos no que diz respeito ao seu desempenho escolar e processos de aprendizagem, nos precipitamos em rotulá-los e medicalizá-los numa tentativa desesperada de justificar aquilo que não conseguimos entender ou lidar de forma saudável - a não aprendizagem ou a dificuldade dela. E então seguimos rotulando e medicalizando nossas crianças, muita das vezes sem necessidade, fazendo dessa geração uma geração de “zumbis”, que seguem sem questionar, pois é exatamente isso que um medicamento mal administrado pode causar.
É lógico que os laudos existem e que os medicamentos têm o seu lugar, desde que investigações a respeito dessa criança, da sua vida familiar, histórico de doenças e a forma como a criação dessa criança é conduzida sejam observados. Para se chegar a um laudo final de TDAH e outros transtornos é primordial que haja uma equipe multidisciplinar que consta de pediatra, neurologista, psicopedagogo, fonoaudiólogo e terapeuta para trabalhar de forma responsável essa possibilidade. Procure referências sobre os profissionais ao qual confiará seu filho, troque ideias e questione com eles sobre a forma mais saudável de conduzir um tratamento, e o mais importante, invista tempo e dedicação ao seu filho. Se não podemos nos precipitar em rotular nossas crianças, tampouco devemos ser omissos quanto à procura de uma ajuda profissional competente. Caso você tenha dúvidas quanto ao comportamento de seu filho, procure um profissional (neurologista, psiquiatra, pediatra ou psicólogo) que possa lhe orientar, não especule sobre o assunto nem aceite opiniões nada profissionais ou leigas. Caso o laudo seja positivo, qual o problema? Não tenha medo nem seja preconceituoso. Secretariado por uma boa equipe de profissionais seu filho poderá conduzir sua vida de forma muito saudável e positiva. O Psicopedagogo exercerá papel fundamental no tratamento desses transtornos envolvendo de forma lúdica e atraente a criança no processo de aprendizagem que é constante e diário para despertar no “aprendente” o desejo do saber, pois o que move a aprendizagem é o desejo.

Referências:

Escrito por: Andréa Pinheiro Bonfante

Andréa Pinheiro Bonfante
*Psicanalista / Psicopedagoga- ABPp:1271-RJ
*Mestranda em Psicanálise Saúde e Sociedade
*Diretora de Mobilização Distrital do Sindicato

dos Psicopedagogos do Brasil- CRPp:816

e-mail: andreapinheiroprof@hotmail.com
Espaço Multidisciplinar Vida Plena
Rua André Rugeri, 115- Bairro de Fátima-Valença-RJ Tel.:(24)2452-4478 (24)99316-8982whatsapp


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O Lúdico na Educação Infantil

O Lúdico na Educação Infantil



Quando uma criança tem a oportunidade de vivenciar de forma positiva seu percurso na Educação Infantil terá também a oportunidade de experimentar vivências muito relevantes para seu processo de amadurecimento cognitivo. É nesse período que a criança fortalece seus laços sociais, que aprende que existem regras de convivência, que entende o compartilhar e o trocar, não apenas de brinquedos mas também de vivências. Criança vê, criança faz. É nesse observar o outro que ela segue construindo sua aprendizagem, pois aprendizagem é construção de saberes, laboratório de experiências. A aprendizagem está na vida, é diária, se presentifica a cada momento, pois como diz o educador e filósofo Cortella: “Gente não nasce pronta e vai se gastando, gente nasce não pronta e vai se fazendo.” E como se constitui esse “laboratório de experiências infantis”? No que se refere à Educação Infantil podemos dizer que seja a ludicidade das atividades propostas pela instituição escolar e pelos educadores, que devam entender a demanda desse grupo e dessa criança ao qual esteja acompanhando, respeitando principalmente sua subjetividade. Essa subjetividade ao qual me refiro trata-se de observar que sujeito é esse da Educação Infantil, o que ele demanda, ao qual grupo social ele pertence, o que ele deseja aprender, em que cultura ele está inserido. A ludicidade é a partir dele e para ele. Não adianta querer falar de praias ou surf na região amazônica para um grupo de ribeirinhos. Não que eles não possam ou não devam conhecer outras realidades, mas que o educador e a instituição estimulem essa criança com assuntos e conteúdos que o perpassem, que ele conheça, que ele possa falar algo sobre. Precisa ser interessante, dinâmico, inteligente e desafiador. Precisamos compreender que as crianças da contemporaneidade estão no laço social de forma muito mais atuante, são muito mais perceptivas. Esse brincar é pedagógico, precisa ter um propósito, uma proposta. O educador precisa estar claro que objetivos deseja alcançar com essa intervenção lúdica. Não importa se essas crianças estejam brincando livremente no parquinho ou sob a orientação de uma professor de artes ou música, com objetivos específicos.

[...]para que o processo de aprendizagem seja positivo, antes de mais nada, é necessário desejar aprender, pois sem desejo não há aprendizagem. A criança deve estar envolvida na curiosidade da busca para se sentir motivada e impulsionada. (BONFANTE, 2015 p.07)

O que vale nessa ludicidade é que a criança possa se motivar, se constituir desejante da descoberta, da investigação, investigação essa fundamental apara o processo de aprendizagem.


Andréa Pinheiro Bonfante
*Psicanalista / Psicopedagoga- ABPp:1271-RJ
*Mestranda em Psicanálise Saúde e Sociedade
*Diretora de Mobilização Distrital do Sindicato
dos Psicopedagogos do Brasil- CRPp:816