Boicotar os próprios estudos? Isso é mesmo possível? Sim, absolutamente possível. E qual a razão para isso? Algumas possibilidades nos apontam para as várias razões desse boicote, dentre elas o não se responsabilizar, a tentativa de se evitar o enfrentamento, a falta de compromisso com aquilo que é seu, não querer encarar suas próprias dificuldades com algumas matérias e temas específicos pra não ferir seu narcisismo, não saber pra não ter de responder ou ser cobrado ou não se priorizar nem tampouco validar o que é seu. Muitas pessoas encontram tempo para absolutamente tudo que vem do Outro, mas quase nunca com o que é seu. Olhar para o que está fora, o que não é seu mas sim desse Outro ( a quem dirigimos amor ou importância), é extremamente mais fácil do que olhar para si próprio. Pois enquanto eu olho para esse Outro, evito o encontro comigo, evito o compromisso com o meu eu.
As experiências clínicas mostram que são nos momentos mais importantes na vida dos estudantes que isso mais acontece, por exemplo, aproximação de provas como o vestibular, de concursos, provas bimestrais ou finais, entrega de trabalhos, monografias, dissertações de mestrado, tese de doutorado e outros momentos decisivos. O medo também pode ser um fator relevante, se considerarmos que esse medo do "não dar conta", quase sempre é paralisante. O medo congela, faz você pensar que não é capaz, e com isso vem a insegurança que lhe fragiliza.
Alunos mais jovens podem apresentar outras razões, que quase sempre passam desapercebidas pelos familiares, que é o "não querer crescer". Pois no evitamento do crescer procrastina-se a responsabilidade, afinal de contas é muito bom gozar do conforto do colo da mamãe, continuar sendo criança e permanecer nesse lugar de asujeitamento. Há nisso um gozo secundário imenso, mesmo que se pague um preço caro por ele.
Como disse no começo da matéria, as razões são inúmeras e dentre elas não podemos deixar de mencionar também, a dificuldade em se organizar nos estudos, de priorizar o que é mais importante no momento, de traçar estratégias que funcionem pra você. Cada sujeito encontra um jeito muito singular de decidir pela melhor forma de trilhar seus estudos, e para isso precisa de orientações e supervisão de seus familiares ou profissionais da área. É preciso ficar atento nas sua demandas, nas de seus jovens ou crianças, antes que esse boicote leve ao insucesso nos estudos.
É preciso considerar que esse boicote seja um mero sintoma de questões emocionais que só o sujeito (criança, jovem ou adulto) vai poder ou conseguir falar numa análise, numa terapia ou uma sessão lúdica de psicopedagogia.
A dica é ficar sempre atento à tudo isso, e não boicotar a decisão de recorrer a uma ajuda, seja ela qual for, mesmo que essa ajuda seja um "bate-papo" bem sincero com você mesmo.
Andréa Pinheiro
Psicanalista, Psicopedagoga, Mestranda em Psicanálise, Saúde e Sociedade, Pesquisadora de assuntos na área da aprendizagem, Diretora do Espaço Multidisciplinar Vida Plena Valença RJ, Diretora de Mobilização Distrital do Sindicato dos Psicopedagogos do Brasil, Colunista do site Portal Valença.
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