I SIMPÓSIO VALENCIANO SOBRE AUTISMO:
“UM OLHAR MULTIDISCIPLINAR SOBRE O AUTISMO”
PROFESSORA / PEDAGOGA JOANA DARC B. DA SILVA
ENTENDENDO O QUE É
INCLUSÃO: UMA QUESTÃO NECESSÁRIA À COMPREENSÃO DO TEMA
Para
investigar como incluir alunos autistas em classes regulares a partir da
perspectiva inclusiva, primeiramente é
necessário que se entenda o que é inclusão escolar. Assim,
entendemos que ela não se caracteriza pela
ação de depositar todos os alunos com necessidades educacionais na classe de
ensino regular, que de acordo com Suplino:
A palavra incluir significa inserir. Estar incluído é “fazer parte
de”. Se o aluno não está incluído, “não faz parte de” um determinado grupo.
“Tal situação se estabelece a partir de critérios que determinam as
características de quem estará apto a fazer parte do grupo seleto”. (2006,
p.1). Há muito vem se discutindo, no campo da
educação, a inclusão e suas faces e qual a melhor maneira de atingi-la.
Leis e documentos internacionais colocadas em vigor asseguram os direitos das
pessoas com deficiência:
Em
1988, com a Constituição da República , prevê
o pleno desenvolvimento dos cidadãos sem preconceito.
1994,
a Declaração de Salamanca, que é um documento sem valor legal, porém
importante, passa a influenciar a formulação das políticas públicas da educação
inclusiva.
1996,
a Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional (LDB), assegura no art. 59 que
os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e
organização específica para atender as necessidades dos alunos.
Apesar dos avanços
dos últimos anos, ainda há muito por se fazer e a modificação da sociedade é
fator primordial para as pessoas com necessidades especiais buscarem seu
desenvolvimento e exercer sua cidadania. Para que a inclusão realmente
aconteça, é preciso olhar a educação de outro modo, com reflexões na
mentalidade e no modo de vida. Ter um ambiente favorável à educação
inclusiva significa ter uma revolução de ideias e ações que nortearão como a
inclusão se dará de modo efetivo. Assim a
inclusão trata de abordar dois conceitos: inclusão e integração sendo conceitos
que estão interligados, por estarem direcionados a um mesmo objetivo, mas que
estão ao mesmo tempo distintos por exigirem práticas específicas, Sassaki (1997).
De acordo com Pereira (1980), há três formas principais de integração: a
integração temporal, quando há uma convivência por mais tempo de forma
gradativa do deficiente com seus companheiros ditos ‘‘normais’’. A integração
instrucional relaciona-se as condições favoráveis de estímulos e a
oportunidades no ambiente de classe regular. A integração social se refere a
convivências dos alunos deficientes com seus companheiros sem deficiências
dentro do grupo podendo ser analisada em termos de interação, aceitação,
proximidades físicas, sendo valores de atitudes e condutas. A partir destas
reflexões podemos dizer que enquanto a integração significa a inserção da
pessoa deficiente preparada para viver na sociedade, inclusão significa a
modificação da sociedade como prática essencial para a pessoa com necessidade
especial buscar seu desenvolvimento, exercer sua cidadania, levando cada aluno
a desenvolver suas potencialidades; e ainda a prática da inclusão social baseia
se em princípios diferentes do convencional: aceitação as diferenças
individuais, valorização de cada pessoa, convivências dentro da diversidade
humana, sendo aprendizagem por meio da cooperação e
interação.
COMO INCLUIR ALUNOS COM AUTISMO NA PERSPECTIVA
DA INCLUSÃO?
Assumir um caráter
inclusivo para escola é assumir-se excludente e que muitas das vezes peca na
fragilidade, na aceitação do diferente como diferente, na formação
profissional, no respeito à diversidade. Se agora há crianças e
adolescentes nas escolas as preocupações se voltam em como mantê-las na
escola.
Cunha (2012),
afirma que para incluir um autista no ensino regular “
o grande foco na educação escolar deve estar no processo de
aprendizagem e não nos resultados, porque, nem sempre, eles virão de maneira rápida
e como queremos. É preciso atentar a carga efetiva do aprendente,
observando aquilo que possui funcionalidade para ele”. Assim, compreende-se que
para o aluno autista os recursos didáticos tradicionais utilizados em sala de
aula, podem não fazer nenhum sentido tornando desestimulantes ou até
deixando-os agressivos. Neste sentido, as adaptações curriculares e na própria
sala de aula como flexibilidade, formação e capacitação do
professor, são considerados recursos indispensáveis para que a estada
deste aluno no ensino regular assuma um caráter de inclusão e não de exclusão
do mesmo..
Diante de tais
colocações, considero que para receber um aluno autista em uma sala de ensino
regular o professor precisará como nos remete os
autores citados, conhecer as especificidades e o grau de
comprometimento deste aluno. Considera-se também que ele deva estar em
parceria com a família para que haja cumplicidade e assim o professor possa
fazer parte do mundo de seu aluno, conhecer suas predileções, seu tempo e suas limitações.
É importante ainda que o professor e sua equipe conheçam os trâmites legais que
permeiam o âmbito da educação especial, principalmente no que diz respeito à
inclusão do aluno autista. Para que, desse modo, ele tenha segurança em fazer
as adaptações necessárias e tornar o aprendizado deste aluno significativo e
prazeroso. Ter um aluno autista em sala de aula não é como ter um deficiente
físico, com TDH, deficiente intelectual ou com Síndrome de Down. As
adaptações precisam ser feitas em todos os casos, porém o autista tem sua
peculiaridade. Nesse processo é preciso que haja a aceitação do profissional
que vai trabalhar com esse aluno autista. Esse profissional precisa
entender que há a necessidade de rotina e muitas vezes há uma resistência a
mudanças, tornando o acesso ao aluno muito restrito. Uma escola que
atenda este aluno precisa estar preparada para flexibilidade tanto do
currículo, quanto a do profissional que atenda o aluno.
Assim, para se
trabalhar com um aluno autista no ensino regular, é preciso comprometimento,
tolerância e estar apto a mudanças. É preciso conhecer as peculiaridades de
cada autista para que as estratégias tenham funcionalidade. Mais
necessário ainda é tornar a sala de aula e a escola um ambiente diferente do tradicional.
“ Se
uma criança não pode aprender da maneira que é ensinada , é melhor ensiná-la da
maneira que ela pode aprender”. Marion Welchmann
Referencias :
CUNHA, Eugênio.Práticas
pedagógicas para inclusão e diversidade. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora,2012.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA e
linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília : Corde,
1994.
SUPLINO, Maryse. INCLUSÃO
ESCOLAR DE ALUNOS COM AUTISMO. 2006. 8 f. Tese (Doutorado) -
Curso de Dotorado,
Centro Ann Sullivan do
Brasil, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http;//files.inclusãoescolar.webnode.com.br/200000010-8d32a8e2d2/inclusão-de-alunos-com-autismo.pdf>.
https://www.google.com.br/search?q=autismo+inclusão&source